07/03/07: A Imprensa em questão

A Imprensa em questão

 

Sabe-se que as relações entre Imprensa e Judiciário não são das mais tranqüilas. Mas, ambos os lados desejam se compreender e melhorar o diálogo. Com essa intenção, foi realizado no último dia 02/03, dentro do módulo especial do curso de Iniciação Funcional da EPM, para os juízes do 178º Concurso de Ingresso na Magistratura, o painel “O Juiz e a Imprensa”.

 

Para o evento foram convidados os jornalistas Antonio Matiello Neto, assessor de Imprensa do TJ/SP; Heródoto Barbeiro, gerente de jornalismo da rádio CBN e apresentador do Jornal da Cultura, da TV Cultura; Frederico Vasconcelos, repórter especial da Folha de São Paulo e Luiz Cláudio Latgé, diretor de jornalismo da TV Globo.

 

O evento foi mediado pelo desembargador Antonio Carlos Mathias Coltro, na parte da manhã e pelo desembargador Oldemar Azevedo, na parte da tarde.

 

Em seu discurso de abertura, o vice-diretor da EPM, Antonio Rulli Júnior falou que o juiz tem uma função pedagógica. “O juiz também é um formador de opinião pública. Por esta razão fizemos esta reunião hoje.”

 

Antonio Matiello Neto começou sua fala dizendo que as pessoas consomem informação para viver melhor. “Quando trabalhava como repórter, no início da carreira, ao escrever uma matéria, sempre me perguntava: o que isso tem a ver com o leitor? E por trás dessa pergunta vinha a necessidade de clareza da mensagem. Assim como também é necessário haver clareza por parte da fonte de informação.”                           

 

Nesse sentido, o trabalho da assessoria de imprensa é fundamental. Segundo Matiello Neto, ela faz o “meio de campo” entre os jornalistas e os operadores da Justiça.

  

Na seqüência, foi realizada a palestra do jornalista e historiador Heródoto Barbeiro. O jornalista usou uma frase do escritor colombiano Gabriel Garcia Marques para ilustrar sua palestra: “A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro.”

 

Heródoto Barbeiro elencou 21* clique aqui para acessar material de apoio questões sobre o trabalho da imprensa brasileira para comentar. Entre elas estavam: O noticiário tira conclusões sobre uma determinada situação mesmo antes de destrinchar todos os fatos; há perigo em se publicar qualquer coisa, como em reportagens mal apuradas e os danos que provocam nos personagens.

  

O diretor da Escola Paulista da Magistratura Marcus Vinicius dos Santos Andrade comparou algumas questões relativas ao jornalismo que Heródoto Barbeiro levantou às que dizem respeito ao juiz.

 

Em seguida, foi a palestra do jornalista Frederico Vasconcelos. “A atividade de julgar é extenuante. A imprensa não costuma passar isso à população. Os jornalistas têm muito que aprender com a Justiça.” Repórter especial da Folha de S. Paulo desde 1985, responsável pela cobertura do Judiciário no jornal, Frederico Vasconcelos recebeu o Prêmio Esso, o Prêmio Bovespa de Jornalismo, o Prêmio BNB de Imprensa e o Prêmio Exato de Jornalismo Econômico, entre outros pelas suas reportagens.

 

Na sua palestra, Vasconcelos citou as inúmeras dificuldades que os jornalistas enfrentam ao cobrir o judiciário: número reduzido de repórteres na redação, pouco tempo para se apurar uma matéria, desconhecimento da linguagem jurídica, entre outros. “Imagino que para o juiz deve ser muito frustrante ver uma notícia deturpada e não poder se posicionar. O jornalista não deve esperar que o juiz seja uma "fonte", mas acho que o diálogo é muito importante.”

 

Para fechar o evento, o diretor de jornalismo da TV Globo, Luiz Cláudio Latgé apresentou uma linha evolutiva das comunicações. “Para haver comunicação é preciso, basicamente, haver um emissor e um ouvinte, o que há entre eles é a mídia. Com a evolução das comunicações, chegamos a uma situação em que a notícia é passada na hora em que ela acontece”, falou. Para o jornalista, notícia é aquilo que foge da normalidade, que mexe com a vida das pessoas. “A televisão traz a notícia com emoção. O nosso desafio é a carga dramática que a informação apresenta”.            

               


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