63 - Um mar de lama num oceano de lágrimas
EDISON VICENTINI BARROSO – Juiz de Direito |
Eta, Brasil! País de misérias mil, dito pátria varonil. Eta, Brasil! País de gente materialmente pobre, que não perde o seu perfil. Eta, Brasil! País, a um só tempo, de pobre nobre e de nobreza moralmente pobre, a nublar o céu anil. Eta, Brasil! De destino grande e forte, a carregar no seio o norte do homem de porte viril.
Eta, Brasil! País de esforços pungentes de quem não foge ao seu redil. Eta, Brasil! País de homens rijos, a plantar a realeza da decência que fere o frio covil. Eta, Brasil! País, a um só tempo, de lama e lágrima, num conúbio tragicômico de horror e dores mil. Eta, Brasil! De valor desconhecido, pelo corrupto empedernido, que, no povo, só enxerga o ser servil.
Eta, Brasil! País de contrastes gritantes, de almas exuberantes em meio ao ser mais vil. Eta, Brasil! País destinado à glória, no aconchego da história a impeli-lo a predicados mil. Eta, Brasil! País de vigor moral, fadado a ser o sal, nesse tempo de esmeril. Eta, Brasil! De coração gigante, em que pese o desplante do desgoverno em que se o inseriu.
Eta, este é o meu Brasil, onde reina a estória de que a democracia se implantou. Eta, este é o meu Brasil, onde inda pontifica a vitória da escória que nele se instalou. Eta, meu Brasil é este, onde a nau do povo, sofrido e probo, singra o mar encapelado da miséria ético-moral. Eta, este é o meu Brasil, pátria amada, de povo viril, donde o mau governo se fartou.
Eta, acordem, estamos no Brasil, e que não se perca a história daquele que o valorizou. Eta, acordem, estamos no Brasil, e que não se subverta a ordem de quem tanto o amou. Eta, acordem, no Brasil estamos, em que a luz do amanhã é o verdadeiro farol. Eta, acordem, estamos no Brasil, em que se vertem lágrimas em meio ao lamaçal.
Nesse pântano de dores, em que os espinhos têm vencido as flores, a despontar desesperança Não se esqueça, povo meu, de que é no combate que se logra a vitória e de que quem espera sempre alcança.
No furor da tempestade, em que desponta o covarde, a fomentar desilusão Não se esqueça, povo meu, de que novos tempos virão e passará a decepção.
Assim é a Vida. Hoje, as lágrimas do justo e as risadas de quem se nutre do poder Amanhã, o triunfo da verdade, à luz da realidade, a lhes ensinar o que é viver.
Não percamos o rumo, avantajemo-nos no prumo de quem busca redenção Pois, mesmo num mar de lama, o oceano da Vida nos chama a tempos de renovação.
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