Atuação da Justiça Restaurativa no contexto da série ‘Adolescência’ é debatida na EPM
Evento reuniu magistrados, jovens e outros profissionais.
A EPM promoveu na sexta-feira (13) o seminário Adolescência – a série e a Justiça Restaurativa: temas, diálogos e conexões em busca de sentidos. Foram abordados temas como a sensibilização para as questões afetas à adolescência, o impacto e a influência das redes sociais, bullying físico e virtual e respostas restaurativas de prevenção e de reparação de danos, entre outros. O evento teve a presença do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, e do corregedor-geral da Justiça, desembargador Francisco Eduardo Loureiro. Foram 673 matriculados nas modalidades presencial e on-line, abrangendo 69 comarcas e 20 estados.
Na abertura, a desembargadora Gilda Cerqueira Alves Barbosa Amaral Diodatti, coordenadora da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJSP (CIJ) e do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa do TJSP, afirmou que a série Adolescência despertou a sociedade para uma realidade grave, que demanda atuação preventiva, protetiva e restaurativa. Ela destacou que o enredo mostra os danos que o acesso digital pode causar às crianças e adolescentes. “A construção da cultura de paz mostra-se urgente nessa realidade vivenciada pelos jovens nos âmbitos físico e virtual”, disse.
O juiz Egberto de Almeida Penido, integrante da CIJ e coordenador do curso, apontou que a série retrata temas delicados e profundos, que envolvem violência, discursos de ódio e angústias. Ele salientou que a Justiça Restaurativa pode contribuir nesse mundo cada vez mais conectado. “Precisamos transformar as relações em que estamos inseridos. Estamos confusos e com crises de identidades. Esse curso pode apontar alguns caminhos”, concluiu.
O presidente Fernando Torres Garcia prestigiou a abertura do evento e parabenizou os organizadores, enfatizando a atuação do Tribunal e da Escola na área. “Estamos desenvolvendo cada vez mais as atividades ligadas à área da Infância e Juventude”, ressaltou.
O corregedor Francisco Loureiro ressaltou que a série levantou diversas discussões importantes. “A série inquietou a todos. Esse curso é muito pertinente e mostra a preocupação que temos com a adolescência e com as redes sociais, que estamos aprendendo a lidar”, frisou.
O diretor da EPM, desembargador Gilson Delgado Miranda, agradeceu a participação de todos e lembrou que o desembargador Ademir de Carvalho Benedito foi o idealizador do evento. “É um assunto impactante e a Escola é o espaço adequado para as reflexões sobre a influência das redes sociais no cotidiano das pessoas e a reparação dos danos causados”, afirmou.
O primeiro painel, “O enigma da esfinge: a complexidade do contexto contemporâneo para os jovens”, foi mediado pelo desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho e teve exposições da professora Telma Vinha, em participação on-line, e da juíza do Tribunal de Justiça de Santa Catarina Ana Cristina Borba Alves.
Na sequência, foi discutida a importância de criar sentidos por meio da Justiça Restaurativa e da Comunicação não violenta, em painel conduzido pelo vice-coordenador da CIJ, desembargador Carlos Otavio Bandeira Lins, e apresentado pelo professor Silvio de Barros e pelo juiz Egberto Penido.
O painel seguinte teve a participação de adolescentes de diferentes classes e setores da sociedade para trazerem sua visão sobre o tema. Estiveram presentes os jovens Bruno de Holanda, Ana Carolina, Mirella, Isabella, Luiz Felipe e Yaz, com a moderação do juiz Iberê de Castro Roxo Dias.
No último painel, as servidoras Andrea Svicero e Renata Zarantonelli Barbosa o professor Samuel de Jesus Pereira e o educador social e morador de Heliópolis Vinicius José Albano Gonçalves trouxeram experiências das práticas restaurativas.
No encerramento, o desembargador Ademir Benedito, coordenador da área da Justiça Restaurativa da EPM e idealizador do seminário, ponderou que o fator mais impactante da série é o silêncio da sociedade, da família, da escola, que leva aos episódios de agressão, violência e vitimização. “A principal virtude da Justiça Restaurativa é quebrar esse silêncio. A Justiça Restaurativa é a justiça em sua essência, para restaurar a igualdade, a cultura da paz e o diálogo entre as gerações”, concluiu. Também compuseram a mesa os juízes Marcelo Nalesso Salmaso e Eliane Cristina Cinto.
Texto (RL) / Fotos (RL e LC)