Principais desafios urbanos das grandes cidades são debatidos na EPM
Lincoln Gakiya,
Sérgio Adorno e Raul Lores foram expositores.
A EPM realizou hoje (20) o curso Desafios urbanos contemporâneos, com exposições do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do professor Sérgio França Adorno de Abreu e do jornalista Raul Juste Lores. O evento teve três painéis que enfocaram o envolvimento do crime organizado nas dinâmicas da cidade e a reflexão sobre como a qualidade da vida das pessoas pode ser influenciada por políticas públicas voltadas para o urbanismo.
Na abertura, o diretor da EPM, desembargador Gilson Delgado Miranda, agradeceu a presença de todos e destacou a participação de interessados de 81 comarcas e de dez estados. Ele ressaltou a relevância do tema, por estar presente no cotidiano das pessoas, e a qualificação dos expositores. “O objetivo do evento é proporcionar o debate sobre as questões urbanísticas e apresentar soluções para problemas comuns nas cidades brasileiras”, afirmou.
O desembargador Carlos Otávio Bandeira Lins, coordenador da área de Direito Urbanístico da Escola e do curso, ressaltou a dimensão do desafio urbano atual e a importância do tema para a transmissão de conhecimentos para pessoas de diferentes áreas. “A ideia é aprimorar cada vez mais a percepção do mundo e projetar o Direito Urbanístico do futuro”, afirmou.
Também compuseram a mesa de abertura os desembargadores Ricardo Cintra Torres de Carvalho, presidente da Seção de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo; e Christiano Jorge Santos e o juiz Fernando Awensztern Pavlovsky, também coordenador da área Direito Urbanístico da EPM e do curso.
Painéis
Integrante do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), Lincoln Gakiya falou sobre a atuação do Ministério Público no combate ao crime organizado em São Paulo. Ele destacou que houve um crescimento exponencial do crime organizado nos últimos anos e que a ação não se restringe apenas ao tráfico de drogas, mas também a outros setores, como empresas de ônibus. “O crime organizado se instalou na prestação de um serviço essencial para a população e pode paralisar a cidade de São Paulo”, afirmou o expositor, que encerrou a participação falando sobre as ações do MPSP em conjunto com outros órgãos na região conhecida como Cracolândia, na capital paulista. “Pretendemos interromper o ciclo de violação sistemática de direitos humanos e restabelecer a ordem na região central”, frisou.
Com a mesma temática, o segundo painel foi apresentado pelo professor Sérgio Adorno, coordenador científico do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. Ele trouxe informações históricas sobre o rápido crescimento da cidade de São Paulo e as consequências dessa expansão na sociedade, com o surgimento do crime organizado. Ele explicou que, à medida em que o crime organizado se enraíza na sociedade, cria outras formas de legitimidade que não são propostas pelas intuições encarregadas de garantir a lei. E pessoas que vivem nesses territórios controlados são obrigadas a seguir a lei do crime. “O Brasil como um todo está sofrendo uma grave ameaça, porque a ocupação territorial do crime organizado e das milícias já é bastante acentuada”, salientou.
Para finalizar, Raul Lores afirmou que boa parte dos problemas das grandes metrópoles, como a poluição, as enchentes, a desigualdade e até aspectos estéticos, passa pelos formatos das cidades. Ele criticou os projetos da maioria dos novos condomínios do país, onde os moradores se fecham ao invés de terem contato com outras pessoas. O jornalista também salientou a falta de políticas públicas para revitalização de regiões centrais ou de imóveis sem uso e deu exemplos de grandes cidades do mundo que conseguiram encontrar soluções urbanísticas, como Lisboa e Nova Iorque. “Não copiamos os bons exemplos, mas fazemos os maus exemplos serem replicados em série. Se uma cidade é amigável e fácil para quem tem mais de 80 anos ou menos de 11 anos, é uma cidade boa para todos”, concluiu.
Também estiveram presentes o desembargador José Maria Câmara Junior e o juiz Alexandre Jorge Carneiro da Cunha Filho.
RL (texto) / MB (fotos)