Magistrados participam de curso teórico e prático sobre uso da inteligência artificial

Rodrigo Gonçalves de Souza foi o expositor.

 

A EPM realizou ontem e hoje (27) o curso Descomplicando a IA – teoria e prática, ministrado pelo juiz federal Rodrigo Gonçalves de Souza. Foram discutidas as aplicações da inteligência artificial no âmbito do Poder Judiciário brasileiro e promovidas atividades práticas, a partir do uso de ferramentas como o ChatGPT. Direcionado a magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo, o curso teve 53 matriculados, de 15 comarcas.

 

Na abertura, o diretor da Escola, desembargador Gilson Delgado Miranda, destacou o objetivo do evento, de capacitar os participantes para a utilização de ferramentas de IA nas tarefas cotidianas, com experiências práticas supervisionadas. “A realização do curso atende à Resolução nº 332/20 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre ética, transparência e governança na produção e no uso de inteligência artificial no Poder Judiciário”, disse.

 

O corregedor-geral da Justiça, desembargador Francisco Eduardo Loureiro, participou de maneira virtual e ressaltou a relevância da discussão. “Talvez seja o tema de maior importância nos próximos anos para os tribunais. Temos que decidir como empregaremos a inteligência artificial na elaboração de decisões e na aplicação defensiva contra o uso abusivo da IA nas demandas predatórias”, completou.

 

O juiz Fernando Antonio Tasso, coordenador do curso, falou sobre o grande fluxo de demandas recebidas pelo Judiciário diariamente e como o uso da inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, o Claude e o Gemini, pode auxiliar na produtividade. “Não como uma substituição do poder de decisão, mas como um potencializador do trabalho humano que temos nos gabinetes”, afirmou.

 

Em sua exposição, Rodrigo Gonçalves de Souza abordou os impactos das novas tecnologias na vida pessoal e na atividade jurisdicional, sobretudo pelo viés da utilização prática da inteligência artificial generativa. Ele explicou que o Judiciário brasileiro apresenta características específicas, como o grande volume de demandas, o fim dos processos físicos e o tratamento de dados pelo CNJ. “O petróleo da inteligência artificial são os dados. Será que o Brasil tem uma oportunidade única para desenvolver tecnologias próprias, que outros países não conseguem, por falta desse tipo de informação?”, questionou.

 

Ele destacou que os tribunais do país inteiro desenvolvem projetos, dos simples aos mais complexos, com utilização de IA, para buscar soluções que funcionem na dinâmica do trabalho desempenhado. Fazem parte da realidade brasileira o teletrabalho; as audiências virtuais com transcrição automática; o balcão virtual, ferramenta de videoconferência para atender advogados e partes; os Núcleos de Justiça 4.0; o Serviço de Informação e Automação Previdenciária (Prevjud), que faz a juntada automática de documentos previdenciários; e a ferramenta JuMP, que realiza a mineração de processos, entre outras tecnologias. Conforme pontuou o expositor, há ainda potenciais usos da IA no Judiciário na classificação e triagem de processos, resumo de reuniões e de audiências judiciais, detecção de fraudes e anomalias, suporte à conciliação e mediação e reconhecimento facial.

 

Também participaram dos trabalhos os desembargadores Cláudio Augusto Pedrassi, coordenador do curso; e Antonio Carlos Alves Braga Junior.

 

MB (texto e fotos)


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