História da Filosofia é debatida na abertura do curso ‘Pensar o Direito: a Filosofia como instrumento’

Jarbas Luiz dos Santos foi o expositor.
 
A EPM iniciou ontem (19) o curso Pensar o Direito: a Filosofia como instrumento, com exposição do juiz Jarbas Luiz dos Santos, coordenador do curso, sobre as origens, conceitos, funções e divisões da Filosofia. Foram 333 matriculados nas modalidades presencial e on-line, abrangendo 107 comarcas e seis estados.

Na abertura, o diretor da EPM, desembargador Gilson Delgado Miranda, agradeceu a presença de todos e ressaltou o objetivo do curso de expor em linhas gerais a história da Filosofia, para evidenciar o quanto seus conceitos adentram a questão político-jurídica e são essenciais para se pensar o Direito de maneira crítica.

O desembargador Paulo Magalhães da Costa Coelho, coordenador do curso e da área de Filosofia do Direito da EPM, agradeceu o apoio da direção da Escola e explicou que a ideia da aula inaugural é trazer um histórico da Filosofia, que será aprofundada nos demais encontros. “Não se trata só de conhecer o Direito. Tem que conhecer, pensar e refletir”, concluiu.

Jarbas Luiz dos Santos ponderou inicialmente que a contextualização da Filosofia se faz necessária, porque cada vez mais as pessoas perdem as perspectivas históricas e a capacidade de conceituar determinados assuntos e a proposta da Filosofia é lidar com conceitos. “O que é a Filosofia? É um ponto de inflexão, um ponto de mudança naquilo que chamamos de história do pensamento sistemático. Antes da Filosofia existiam muitos pensadores, mas a mudança que ela trouxe foi tornar o pensamento sistemático”, pontuou.

Para demonstrar como a Filosofia está presente em várias áreas, o palestrante citou o filme Matrix, que traz uma carga filosófica em vários momentos. Há uma referência ao Oráculo de Delfos, da Grécia Antiga, os próprios nomes dos personagens, como o protagonista Neo (palavra grega que significa novo) e Morfeu (que na mitologia grega era o deus do sono). “Existe a analogia com a Alegoria da caverna, encontrada no Livro VII da República de Platão. Nessa alegoria há pessoas aprisionadas em uma caverna, que visualizam imagens projetadas numa parede e tomam essas imagens como se fossem realidade. Num determinado momento, um prisioneiro se liberta e se dá conta de que aquilo que está lá fora é a realidade. O que está no interior da caverna é uma simulação”, explicou. 

Jarbas dos Santos recordou que a Filosofia surgiu no final do século VII a.C. na periferia do Império Grego e que o primeiro pensador a conceber ideias na metodologia do pensamento sistemático foi Tales de Mileto. Ele lembrou que os primeiros filósofos consideravam a natureza e o estudo dos cosmos essenciais para se estudar a Filosofia. “A Filosofia surge por conta do deslumbramento do homem com o universo e a natureza e o contraponto que temos na Filosofia atual é que a mola motriz é a decepção”, observou o palestrante, salientando que alguns motivos ajudam a entender porque os gregos começaram a filosofar com o contato com povos estrangeiros, além de serem os primeiros a questionarem a questão da convivência do homem em sociedade.

O expositor também explicou as funções da Filosofia, como dar racionalidade aos mitos então desconhecidos, e falou sobre a distinção entre a Filosofia e a ciência: “a ciência nos traz conhecimentos e a Filosofia nos leva a questionar esses conhecimentos”. Explicou ainda as divisões clássicas da Filosofia, como a ontologia ou metafísica, que estuda a existência, a lógica, a ética, a história da Filosofia, a Filosofia da arte e a Filosofia política, entre outras. 

No encerramento, Jarbas dos Santos mostrou uma foto da Sala da Assinatura (Stanza della Segnatura) situada no Vaticano e tida como uma das mais importantes obras repletas de citações filosóficas decorada pelo pintor renascentista italiano Rafael. Na pintura, aparecem 56 figuras, sendo diversos filósofos importantes, com distribuição não aleatória dos personagens, tendo Platão e Aristóteles ao meio e Platão com o rosto de Leonardo Da Vinci. “Segundo o próprio Rafael, o grande gênio daquele período da humanidade era Leonardo da Vinci, por isso essa reverência”, concluiu.

RL (texto) / MA (fotos)


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