Crime organizado, terrorismo e perfis criminais são debatidos no ciclo ‘Com a palavra, as juristas’

Exposições de Ivana David e Daniela Marques.

 

A EPM, em parceria com a Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (Comesp), promoveu hoje (25) o décimo encontro do ciclo de palestras Com a palavra, as juristas, com exposições da desembargadora Ivana David e da juíza Daniela de Freitas Marques, do Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais. A desembargadora Marcia Lourenço Monassi, vice-coordenadora da Comesp, conduziu os debates.

 

Ivana David falou sobre o tema “Organizações criminosas e terrorismo”. Ela destacou a necessidade de fortalecer as políticas públicas voltadas à prevenção, especialmente no enfrentamento à cooptação de jovens pelo crime organizado. “O desafio de fazer com que os jovens não sejam abduzidos por essas organizações criminosas só pode ser vencido com políticas públicas. Se o Estado oferecesse caminhos mais sólidos, muitos não escolheriam a criminalidade”, afirmou.

 

A expositora também chamou atenção para os vínculos do crime organizado com a lavagem de dinheiro em diferentes setores da economia, do comércio à mineração ilegal, e para o avanço das práticas ilícitas por meios digitais. “O crime organizado movimenta bilhões de dólares e encontra formas de lavar recursos em diversas frentes, o que impõe um enorme desafio ao sistema de segurança e de investigação”, ressaltou. Ivana David ponderou que não é possível equiparar uma organização criminosa a uma organização terrorista por falta de tipificação no ordenamento jurídico brasileiro. “É preciso mudar a definição de crime organizado para que essa equiparação com o terrorismo ocorra”, concluiu.

 

Daniela Marques discorreu sobre a construção de perfis criminais e sua importância para investigações. Ela explicou que o estudo da mente criminosa remete tanto à literatura quanto à ciência. Explanou sobre o perfilhamento criminal, uma disciplina forense de natureza explicativa e probabilística, que ajuda a identificar as características psicológicas, demográficas e comportamentais mais prováveis do autor de um delito, a partir de vestígios concretos.

 

A palestrante destacou ainda que o perfil criminal não auxilia apenas na compreensão do agressor, mas também da vítima, elemento central para a análise criminológica. “A vítima é o espelho do criminoso. Sua escolha nunca é aleatória e revela muito sobre o autor do crime. A forma como ela é tratada, o local e o contexto da violência constituem uma rede simbólica que ajuda a compreender os motivos e o padrão de conduta do agressor”, completou.

 

RL (texto) / LS e RL (arte)


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