Papel das bibliotecas no Judiciário é discutido na EPM
Palestraram José Renato Nalini, Ricardo Dip e Francisco Paletta.
A EPM realizou na sexta-feira (28) o seminário Bibliotecas do Poder Judiciário: elos entre passado e futuro, dedicado a debater a importância das bibliotecas para a gestão da informação nos órgãos do Judiciário, sua função de preservar o patrimônio bibliográfico e o apoio às atividades de inovação e inteligência artificial. Participaram como expositores os desembargadores José Renato Nalini, secretário de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo; e Ricardo Henry Marques Dip e o professor Francisco Carlos Paletta.
A abertura foi feita pela desembargadora Luciana Almeida Prado Bresciani, coordenadora da área de Estudos em História e Memória da EPM e do curso, e presidente eleita da Seção de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo para o biênio 2026/2027. Ela agradeceu a presença de todos e destacou a contribuição dos expositores.
Iniciando as exposições Francisco Paletta ressaltou o papel histórico e contemporâneo das bibliotecas jurídicas, lembrando que elas permanecem centrais para o acesso à informação, mesmo diante das transformações tecnológicas. Destacou que o setor jurídico é um dos que mais empregam bibliotecários no Brasil e ponderou que as bibliotecas devem se modernizar sem abandonar sua essência milenar, que remonta às grandes bibliotecas da antiguidade, como Nínive, Alexandria e Pérgamo.
O professor também enfatizou que a biblioteca do Judiciário precisa focar no atendimento aos magistrados, estudantes e profissionais liberais, entendendo suas demandas e atuando de forma proativa. Enfatizou a necessidade de adoção de boas práticas internacionais, a inovação nos serviços e o fortalecimento do bibliotecário como agente de transformação, capaz de antecipar necessidades e apoiar decisões jurídicas com informação precisa, atualizada e acessível.
José Renato Nalini ressaltou que sua trajetória foi marcada pelas bibliotecas e pelo amor aos livros. Ele descreveu as bibliotecas que frequentou, da escola aos estudos de pós-graduação, passando pela Academia Paulista de Letras, sempre encontrando nos livros não apenas fonte de conhecimento, mas também memória, afeto e identidade. Ao narrar as histórias sobre doações, perdas, acervos inteiros salvos ou quase descartados, ele retratou a importância cultural das bibliotecas e lamentou a negligência que muitas vezes ocorre no tratamento desse patrimônio.
O expositor também refletiu sobre os desafios contemporâneos das bibliotecas diante da digitalização, das novas tecnologias e da ascensão da inteligência artificial. Reconheceu as possibilidades desse novo cenário, como acervos desmaterializados e sistemas híbridos de memória, mas ponderou que o vínculo com o livro físico é insubstituível.
Ricardo Dip fez um relato dos 15 anos à frente da supervisão das bibliotecas do TJSP, destacando inicialmente o desafio de preservar a própria existência da instituição. Ele destacou a colaboração de magistrados como Samuel Alves de Melo Júnior, Ivan Ricardo Garisio Sartori e José Renato Nalini, salientando que suas decisões permitiram não apenas a transferência e reorganização do acervo, mas a continuidade da biblioteca como um espaço de consulta qualificada.
Ele expôs as funções essenciais da biblioteca, enfatizando as de conservação e comunicação. Por fim, ressaltou que a biblioteca jurídica, por sua natureza especializada, deve equilibrar preservação e acesso, cumprindo sua missão de apoiar magistrados, advogados, servidores e pesquisadores na produção de conhecimento jurídico qualificado.
Também compuseram a mesa dos trabalhos o ministro aposentado Sidnei Agostinho Beneti e o juiz Carlos Alexandre Böttcher, coordenador da área de Estudos em História e Memória da EPM e do curso.
RL (texto) / MB (fotos)