“Cidade de Deus”, de Santo Agostinho, é analisada no curso “Como deve ser organizada a sociedade?”

No dia 6 de setembro, o desembargador Regis Fernandes de Oliveira proferiu a  palestra “Uma leitura da ‘Cidade de Deus’ de Santo Agostinho” no curso “Como deve ser organizada a sociedade?” da EPM. 

Ele lembrou que Santo Agostinho (354-430) produziu a obra “Cidade de Deus” logo após a queda do Império Romano, lembrando que, nos primeiros capítulos do livro, são relatados os fatos que provocaram esse colapso. “Ele demonstra que a culpa pela queda de Roma não era dos cristãos – como lhes havia sido imputado –, mas dos próprios romanos, relatando a deterioração de seus costumes e a perda de sua virtude, além de criticar sua mitologia”, observou. 

O palestrante destacou, também, a conceituação da “cidade de Deus”, recordando que Santo Agostinho descreve o nascimento da “cidade dos homens” e da “cidade de Deus” e desenvolve a teoria da existência dessas duas cidades no segundo volume da obra. “Ele afirma que há ‘dois amores’: o ‘amor de si’ ou amor corrompido, que leva à cidade terrena, e o ‘amor de Deus’, que leva à cidade espiritual ou “cidade de Deus”, ressaltou. 

Regis de Oliveira chamou a atenção para a noção da coexistência das duas cidades na ‘cidade terrestre’, ponderando, que, conforme apontado por Santo Agostinho, para o homem se realizar e chegar à “Cidade de Deus”, deve dominar suas paixões, por meio da razão e da fé, exercitando seu livre-arbítrio. “A ética que está embasada no livro é a ética da virtude”, lembrou, frisando que essa virtude é aquela baseada no ensinamento cristão, que preconiza a repulsa aos instintos ou a desconsideração total da natureza humana. 

Encerrando sua exposição, salientou que Santo Agostinho não cuidou, em sua obra, de formas de governo ou de organização da sociedade, mas mostrou que a sociedade só se disciplina e alcança a serenidade quando o homem consegue controlar seus sentimentos e alcançar o divino, entrando na “cidade de Deus”. “Da mesma forma, há, em nosso conjunto de pessoas, aqueles que, segundo Agostinho, reprimiram seus instintos e encontraram a paz, conseguindo, dentro da ‘cidade terrestre’, se elevar à ‘cidade de Deus’”, concluiu.


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