Presidente do TJSP ministra aula inaugural do curso “Gestão judiciária” da EPM
Sob o título “Repensando o juiz em suas funções administrativas e jurisdicionais”, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, ministrou hoje (22), na EPM, a aula magna do curso Gestão judiciária. A aula contou com a participação dos coordenadores do curso, desembargador Fernando Antonio Maia da Cunha, diretor da EPM, e juízes assessores da Presidência Mário Sérgio Leite e Paulo Antonio Canali Campanella.
Na abertura dos trabalhos, o diretor da EPM, Fernando Maia da Cunha, salientou que o curso é “fruto da colaboração de muitos juízes e servidores, de modo a darmos mais alguns passos na direção de um tribunal mais moderno e eficiente e, sobretudo, que tenha a capacidade de cumprir o mandamento constitucional da razoável duração do processo”.
Em sua exposição, o presidente Nalini fez uma radiografia do Judiciário brasileiro, mencionando os maiores obstáculos para a sua atuação como órgão solucionador de disputas sociais e apontando medidas para melhorar a celeridade e eficiência da prestação jurisdicional.
Ele lembrou que a Constituição Federal de 1988, ao estabelecer o rol dos direitos fundamentais, acentuou a crença no Judiciário. “Vivemos, desde então, na era dos direitos”. Mencionou também o excesso de faculdades de Direito, bem como a forma de ensino, compartimentada e eminentemente adversarial, herdada da Universidade de Bolonha, via Universidade de Coimbra. “Estuda-se o Direito como se fosse uma guerra”, sustentou o presidente, alertando para a imperiosa necessidade de reversão da cultura do litígio.
Em relação à Justiça, citou a escolha de um modelo complexo de jurisdição, integrado por duas Justiças comuns (Federal e Estadual) e três Justiças especiais (Trabalhista, Eleitoral e Militar), com quatro graus de jurisdição. “Com isso, existem mais de 80 possibilidades de apreciação do mesmo tema”, observou.
Nesse contexto, o presidente asseverou que a solução não é a ampliação do quadro funcional, mas o investimento na gestão judiciária, com vistas a uma Justiça mais racional, objetiva e previsível. Entre as propostas para se alcançar esse fim, destacou a gestão do tempo e medidas como o estímulo à criatividade.
Nalini ressaltou também a necessidade de nos desacostumarmos com o suporte papel. “Se o maior Tribunal de Justiça do planeta conseguir desvencilhar-se do papel, sobrarão recursos”, afirmou. Da mesma forma, ponderou que a maior parte de 83 milhões de processos físicos existentes poderia ser descartada, o que resultaria em economia do custo de armazenamento.
O presidente também mencionou a possibilidade de separação entre instância administrativa (gestão de ofícios de Justiça) e instância decisória. Com esta medida, sobraria mais tempo para o juiz decidir causas, ocupando-se menos com tarefas burocráticas”, declarou. Outra forma de racionalização seria a reunião de feitos com o mesmo objeto, que poderiam ser decididos de uma forma única, bem como o protesto extrajudicial como ferramenta de cobrança das dívidas fiscais ativas dos municípios e dos estados.
Por fim, Renato Nalini conclamou a sociedade e o público interno a trazer colaborações para o aprimoramento do Judiciário bandeirante.
Curso
O curso Gestão judiciária visa propiciar a reflexão sobre a atuação dos participantes como agentes no aprimoramento das instituições do Judiciário, bem como desenvolver conhecimento e habilidades para elevar a qualificação técnica e aprimorar o trabalho judiciário em busca da eficiência na administração da Justiça. As aulas prosseguem até dezembro, nas modalidades presencial e a distância, conforme a programação abaixo:
Dia 29/10
Tema: Gerência de processos digitais. O futuro e as filas de trabalho
Palestrante: juiz Fernando Antonio Tasso
Dia 5/11
Tema: Gestão de funcionários e o desenvolvimento de lideranças em cartório
Palestrante: juiz Gilson Delgado Miranda
Dia 12/11
Tema: Diretoria do Fórum. Organização administrativa das secretarias do TJSP
Palestrante: juiz Mário Sérgio Leite
Dia 19/11
Tema: A experiência da unificação dos serviços cartorários e os cartórios do futuro
Palestrante: juiz Antonio Carlos Alves Braga Júnior
Dia 26/11
Tema: Gestão das equipes multidisciplinares nas Varas de Infância e Juventude e de Família e Sucessões
Palestrante: desembargadora Cláudia Grieco Tabosa Pessoa
Dia 3/12
Tema: Gestão de cartórios. Organização. Chefias. Padronização dos serviços
Palestrante: juiz Marcio Teixeira Laranjo
Dia 10/12
Tema: A Polícia Judiciária e a gestão dos cartórios de execução criminal
Palestrantes: juíza Maria Regina Ribeiro Junqueira de Andrade Gaspar Burjakian
Juiz Jayme Garcia dos Santos Júnior
Dia 17/12
Tema: Gestão administrativa. A função de gerenciamento das unidades cartorárias
Palestrante: desembargador Hamilton Elliot Akel – corregedor-geral da Justiça do TJSP
ES (texto e fotos)