A Escola Judicial dos Servidores (EJUS), em parceria com a Escola Paulista da Magistratura (EPM) e a Coordenadoria da Infância e Juventude do TJSP, iniciou hoje (2), no prédio da EPM, o curso Famílias: aportes teórico-metodológicos para a prática dos assistentes sociais nas varas da Infância e Juventude.

 

Com dez aulas, o curso é dividido em dois módulos, “Aporte teórico” e “Intervenções sociofamiliares”, sob a coordenação do juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho. A aula inicial foi ministrada pela professora doutora em Serviço Social Maria Amália Faller Vitale e teve a participação do juiz assessor da Corregedoria Geral da Justiça Paulo Roberto Fadigas Cesar.

 

Ao abrir os trabalhos, Fadigas César ressaltou a rapidez das transformações ocorridas na família e em seus conceitos, lembrando que ela se manteve estável por milhares de anos, mas, em poucos séculos mudou muito e em poucas décadas “mudou demais”. “Será que estamos prontos para enfrentar mentalmente esses desafios de mudança e evitar a utilização de estereótipos ou modismos?”, indagou. Ele destacou a importância do trabalho do Judiciário na área, mas frisou que não se deve “doutrinar as famílias”, mas encaminhá-las e orientá-las. “Nós, do Judiciário, muitas vezes, temos a crença de que vamos resolver alguma coisa, mas isso não é verdade. Nós vamos administrar o conflito, porque quem resolve são nossos assistidos”, ponderou.

 

Maria Amália Vitale discorreu sobre a história da família ao longo do desenvolvimento da humanidade, lembrando que, a partir da Revolução Industrial, o afeto passou a ser base da vida familiar e a felicidade de seus integrantes seu valor central. Ela destacou as transformações ocorridas nos séculos XX e XXI e lembrou que o conceito de família tem uma variabilidade histórica, social e cultural, em razão da complexidade das relações e da diversidade de suas dimensões no espaço e no tempo. Para exemplificar a dificuldade em se acompanhar essa evolução, observou que, em uma pesquisa de imagens sobre família no google, quase todas apresentam imagens tradicionais, com pai, mãe e filhos, com poucas imagens de famílias com outras composições, como a monoparental. “Vale a pena refletir sobre isso, porque essas realidades estão na sociedade e nas famílias com as quais vocês trabalham”, salientou.