Presidente Nalini ministra palestra de encerramento do II Curso de Metodologia e Praticidade para Gabinetes de Direito Privado
A EPM concluiu hoje (13), o II Curso de Metodologia e Praticidade em Gabinetes – Direito Privado, com palestra do presidente do TJSP José Renato Nalini, ministrada no auditório do Gade 9 de Julho. O evento contou com a participação do diretor da Escola, Fernando Antonio Maia da Cunha, coordenador do curso, e do funcionário da STI Saulo de Tarso Xavier.
O presidente Nalini destacou a capacidade de adaptação como principal virtude para a prosperidade e sobrevivência das empresas, no que tange à incorporação tecnológica, à organização e aos métodos. E ensinou que “é imprescindível saber mudar, e aceitar que a mudança é ínsita à vida”. Sustentou que já foi o tempo que se falava em estabilidade, serenidade e tranquilidade, porque isso não existe mais, e deu como receita “multiplicar as capacidades, buscar novas soluções, ter vontade entusiástica e idealismo, sem medo de ousar. Só assim o trabalho valerá realmente a pena!”.
Sob esta ótica, discorreu sobre as conquistas do TJSP nos campos organizacional e tecnológico, assinalando como marco a unificação dos sistemas dos tribunais do Judiciário Paulista. E apontou a necessidade de mudança da estrutura mental para absorção das inovações decorrentes da implantação do processo digital, consumada no segundo grau de jurisdição, com previsão de conclusão em primeira instância até o final deste ano. “Era uma questão de honra ter um sistema de informatização que não se comunicasse com o Tribunal de Justiça para guardar a autonomia. Em primeiro grau, os sistemas começaram a se desenvolver graças ao entusiasmo e idealismo de uns poucos, funcionários egressos de cursos de computação”, lembrou o palestrante.
O presidente também falou sobre a perspectiva filosófica e pragmática do processo digital, cuja consecução representará, em território brasileiro, uma economia anual de 46 mil toneladas de papel, cuja produção consome 690 mil árvores e 1,5 milhão de metros cúbicos de água. “Quando adotamos o processo 100% digital, sabíamos que estávamos entrando em um terreno minado, cuja obsolescência, um fantasma que nos persegue e atormenta, nos desafia a sermos mais rápidos que ele”.
Entretanto, lembrou a existência do acervo de 90 milhões de volumes de processos em papel, resultado dos 140 anos de atividade da Corte paulista, cujo volume ocupa 100 mil metros cúbicos para estocagem, ou uma distância em prateleiras equivalente ao trajeto de São Paulo a Brasília. De acordo com Nalini, o descarte de parte desse acervo, armazenada em ambiente climatizado ao custo de 20 milhões, foi obstado por disposição do STF em provimento a um pedido da OAB, sob o argumento de perda inexorável da memória processual brasileira.
“A Justiça ficou por muito tempo encarcerada na sua própria autonomia e com aquele receio de perder a imparcialidade, confundida com assepsia profunda. Mas não existe uma neutralidade absoluta. Todos fazemos parte do mundo, e o mundo está diferente. Então, porque a Justiça vai continuar sendo autista? Humildemente, tenho chamado toda a sociedade para nos ajudar a pensar o sistema de Justiça, com desenvolvimento de parcerias diversificadas e dinâmicas e descobrir formas diferentes de pensar e trabalhar”, concluiu o presidente.
Em prosseguimento, o servidor Saulo de Tarso Xavier esclareceu tópicos relacionados às sugestões dos assistentes dos gabinetes para melhoria funcional dos fluxos de produção e otimização do gerenciamento das filas de trabalho no Sistema SAJ, entre outros tópicos encaminhados para análise e posicionamento oportuno da presidência do TJSP.
Na linha do horizonte da conquista de uma nova estrutura mental, condição necessária para a superação da estagnação profissional caracterizada pelo “mais do mesmo”, já apontada pelo presidente Nalini, o diretor Fernando Maia da Cunha também enfatizou, no encerramento, os câmbios necessários para a adaptação de corporações e pessoas aos novos tempos. “É esse medo de pensar de uma forma nova que nos atrapalha. Então, a mensagem do curso de Metodologia, muito mais do que trazer novas práticas funcionais ou a reflexão sobre pontos controvertidos, é não termos o receio de mudar, para nos adaptarmos a uma nova realidade que o Tribunal vai viver, gostemos ou não”.
ES (texto) / DG e ES (fotos)