EPM inicia o curso “Compreender a criança e o adolescente: uma visão em Winnicott”
Teve início ontem (5), na EPM, o curso Compreender a criança e o adolescente: uma visão em Winnicott, com palestras ministradas pelo desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, coordenador do curso e área da Infância e Juventude da EPM, e pelo psicólogo e psicanalista Afrânio de Matos Ferreira, supervisor e coordenador de cursos do Instituto Sedes Sapientiae. A aula também contou com a participação da psicanalista Sueli Hisada.
Reinaldo Torres de Carvalho iniciou as exposições falando sobre aspectos da interface necessária entre a atividade judiciária e a Psicanálise e justificou a pertinência da abordagem das ferramentas desenvolvidas no campo teórico e clínico pelo pediatra e psicanalista inglês Donald Woods Winnicott (1896-1971), trabalhando com pessoas jovens e problemáticas.
“A Psicanálise, dentro do ambiente jurídico é um ser alienígena. Daí a necessidade de aproximá-la do Direito e entender casos estudados fora do Judiciário que possam trazer respostas para aquilo que fazemos, revelar as consequências das nossas condutas e, eventualmente, permitir a correção de nossa visão e rota de atuação, para que possamos ajudar os destinatários da nossa atividade a se autocompreenderem e se autodeterminarem”, anunciou o coordenador.
De acordo com Reinaldo Torres de Carvalho, a proteção adequada da criança e do adolescente pelos atores do sistema judiciário há de passar pela aquisição de uma visão diferenciada e do conhecimento de sua situação real. “Eles merecem uma atenção especial porque só têm atendimento prioritário nas varas de Infância e Juventude, uma vez que, nas varas de Família, há uma briga entre adultos. A criança ou adolescente acaba sendo apêndice e principal perdedor nessa briga, como parte do patrimônio ou do problema”.
Ele também afirmou outro objetivo do curso: “abrir ainda mais a Escola Paulista da Magistratura para outras áreas do conhecimento, para que possamos ter uma Justiça multidisciplinar e, quem sabe um dia, intradisciplinar, onde a nossa atividade tenha por objetivo o destinatário, e não os atores do sistema de Justiça”.
Afrânio Ferreira lembrou que o ensino da Psicanálise aos leigos (não médicos) iniciou-se com Winnicott na sociedade londrina, na primeira metade do século XX, com a chamada ‘análise leiga’. E revelou que a quantidade de advogados e juízes que tem feito curso de Psicanálise nos dias atuais é surpreendente, corroborando a importância da interlocução entre as duas áreas do conhecimento.
“A minha fala vai servir para introduzir vocês na linguagem do Winnicott, e ajudar a compreender sua nova maneira de trabalhar o psiquismo, com a discussão de alguns termos que ele criou, como “mãe suficiente”, e contar um pouco de sua vida, porque a teoria que produziu está muito ligada ao ambiente em que nasceu e foi criado e às relações interpessoais”, declarou o palestrante.
Com a participação de 144 alunos presenciais, a maior parte técnicos da rede de assistência social e psicológica do TJSP, o curso prossegue até 21 de outubro.
ES (texto e fotos)