Professor norte-americano Quentin Walcott fala sobre violência doméstica na EPM
Magistrados, psicólogos, assistentes sociais, advogados e funcionários do TJSP participaram hoje (29), na EPM, da palestra Violência doméstica: cultura da não violência e ressocialização do agressor, ministrada pelo professor e ativista comunitário norte-americano Quentin Walcott, codiretor executivo da Connect, organização sem fins lucrativos dedicada à prevenção e eliminação da violência interpessoal em Nova York.
A abertura foi feita pela desembargadora Maria de Lourdes Rachid Vaz de Almeida, vice-coordenadora da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJSP (Comesp) e conselheira da EPM, representando o diretor da Escola. Ela ressaltou a importância do tema, “que extrapola os níveis acadêmicos, porque todas as entidades e órgãos representativos falam da violência doméstica, lamentavelmente em crescimento”.
A vice-cônsul dos Estados Unidos da América em São Paulo, Tracy Musacchio falou da importância do projeto de combate à violência doméstica capitaneado pelo palestrante, e declarou-se impressionada com os avanços legislativos do Brasil para a diminuição da incidência do problema.
A desembargadora Christine Santini, coordenadora de Cursos e Convênios Internacionais da EPM, agradeceu ao governo dos EUA por trazer o palestrante ao país, e ressaltou o benefício da troca das experiências de combate à violência doméstica no mundo globalizado, “porque os problemas, muitas vezes, se repetem, mas as soluções nem sempre são as mesmas, e as soluções encontradas por um país podem ser adaptadas em outro lugar”.
A presidente do Centro de Ação Social e Cidadania do TJSP (CASC), Maria Luiza de Freitas Nalini, lembrou a participação, juntamente com as coordenadoras do evento, juízas Maria Domitila Prado Manssur Domingos e Teresa Cristina Cabral Santana Rodrigues dos Santos, em palestras nos Centros de Estudos Unificados (CEUs) da capital, para tratar do tema e elogiou a iniciativa do evento, “que contribuirá para melhorar e aprimorar o nosso trabalho”.
Maria Domitila destacou a parceria entre Brasil e EUA no enfrentamento do problema em debate, por meio de vários projetos. “Essa cooperação tem se mostrado muito gratificante, e tenho certeza de que ambos países caminham de mãos dadas na luta contra a violência em todas as formas”.
Em sua exposição, Quentin Walcott explicou a natureza do trabalho que desenvolve há 18 anos: a pesquisa e a intervenção na violência praticada contra crianças envolvidas com gangues, consumo e tráfico de drogas, a violência de gênero contra mulheres e meninas no âmbito doméstico, o racismo e seu impacto nas comunidades de negros e de imigrantes.
“Violência doméstica tem a ver com estratégias de controle e poder, e a minha percepção é a de que aquela praticada por homens contra mulheres é culturalmente aprendida. Esta a razão pela qual a interrupção do ciclo de agressões também passa pela reeducação do agressor, de maneira a fazer com que ele perceba a torpeza de seus atos e atitudes. E isso só é possível através da construção de um modelo comunitário holístico, que busca envolver e chamar a responsabilidade da comunidade, de comerciantes, de instituições, polícias e sistemas jurídicos.
Dentre as premissas adotadas em seu trabalho, ele ressaltou o respeito à diversidade de culturas e idiomas, “para intervir de modo eficaz na busca da interrupção dos ciclos de violência, manter as vítimas a salvo e tentar transformar o comportamento e a maneira como pensam e agem os agressores”.
ES (texto e fotos)