Desafios da gestão cartorária moderna são debatidos em novo curso da EPM
Com exposições dos juízes Maria Fernanda de Toledo Rodovalho e Rubens Hideo Arai, teve início ontem (25) o curso Desafios da gestão cartorária moderna da EPM. Ministrado presencialmente e a distância para magistrados e servidores, o curso é coordenado pelas juízas Alexandra Fuchs de Araújo, Maria Fernanda de Toledo Rodovalho e Andréa Galhardo Palma, que também integrou a mesa de trabalhos.
Maria Fernanda Rodovalho fez uma explanação inicial sobre o objetivo do curso, de ampliar a produtividade, de forma regular e com qualidade, no contexto do gigantismo da Justiça paulista e da impossibilidade de se conseguir uma equivalência entre o número de servidores e o de processos. “Temos que fazer com que o nosso serviço de cartório seja produtivo, trabalhar com o mesmo numero de pessoal e metas de produtividade. O desafio da gestão cartorária vai exatamente nesse sentido e é essa a motivação do nosso curso”, ressaltou.
Ela também destacou a ideia do Cartório do Futuro, implantado na gestão antecedente, explicando que ele consiste em estruturar os gabinetes para as decisões e aparelhar a serventia para a realização dos atos ordinatórios. Salientou ainda a importância da valorização dos servidores e a busca da excelência. “Quando conseguirmos esse padrão de excelência, teremos uma garantia de bons resultados para a sociedade, de melhores vencimentos para os servidores e de visibilidade do serviço público judicial”.
Rubens Hideo Arai apresentou alguns dados sobre o Judiciário paulista: uma jurisdição para 44,04 milhões de habitantes, equivalente a 27% das demandas nacionais, com orçamento de 10,1 bilhões para o exercício deste ano, 43.167 servidores ativos, e 2.599 unidades judiciais, distribuídas por 273 comarcas em dezembro de 2015.
Dentre os tópicos abordados, ele falou sobre as diferentes estruturas organizacionais das comarcas de entrância inicial, intermediária e final e, por conta dessa diversidade, da dificuldade de criação de um modelo de cartório comum a todas elas.
Ele fez uma retrospectiva dos avanços na modernização da corte, entre elas, a visão sistêmica do trabalho judiciário, que trouxe em seu bojo a mudança do conceito de trabalho individual para o coletivo e a concentração de atividades em setores, presente na Nova Estratégia de Produção (NEP), adotada pelo Tribunal em 2010.
Adiante, falou sobre a aposta na valorização e capacitação de servidores, destacando a necessidade da boa interação entre eles e salientando o papel do gestor moderno, “aquele que sabe motivar ouvindo e discutindo soluções com os membros sua equipe”. Para ele, um bom diretor de cartório deve conhecer o perfil e o potencial de cada um dos membros da equipe, para saber exatamente a tarefa que pode desempenhar melhor.
Também discorreu sobre a padronização de rotinas e procedimentos cartorários, estabelecida em 2010 pelo Plano de Unificação, Modernização e Alinhamento (PUMA), com o objetivo de implantar um sistema informatizado único (sistema SAJ), capacitação de servidores para operá-lo, e de seus benefícios, como a criação de modelos de expedientes padronizados pela Instituição, a assinatura digital de documentos com certificação, a automatização das rotinas (tramitação automática), a padronização dos procedimentos cartorários e a Central de Mandados.
De acordo com o entendimento do palestrante, um desafio ainda não enfrentado adequadamente pelo Tribunal é o modo como as políticas e as práticas de gestão de pessoas podem influenciar no ambiente organizacional de uma unidade judiciária. Nesse sentido, falou do problema do distanciamento virtual. “Estamos em uma fase de comunicação a distância, onde o que mais falta é a proximidade física, o afeto e o amor. Essa situação tem que mudar, pois temos que estar presentes e ter contato humano. O maior patrimônio do Tribunal são seus servidores, e nossa missão é servir ao próximo. E por sermos remunerados para isso, temos que servir a população com a máxima eficiência. Mas para isso é preciso que cada um esteja motivado e perceba que pode servir melhor”.
ES (texto)