Relação entre o Judiciário e a imprensa é debatida no Curso de Formação Inicial
O relacionamento do Tribunal de Justiça de São Paulo com os meios de comunicação foi debatido ontem (16) no Curso de Formação Inicial promovido pela EPM para os juízes aprovado no 185º Concurso de Ingresso.
Iniciando as exposições, a juíza Carolina Nabarro Munhoz Rossi, integrante da coordenação do curso, discorreu sobre a organização e o funcionamento dos veículos de comunicação, a responsabilidade de cada profissional e relacionamento com o Judiciário. Ela explorou as diversas situações de interação do magistrado – “aquele que tem o conhecimento e vai decidir sobre a vida das pessoas num momento de enorme fragilidade” –, com a mídia, frisando a necessidade de manutenção de uma relação de respeito com o jornalista, e de atuação como protagonista e não apenas como interlocutor da informação.
Carolina Nabarro destacou a curiosidade natural das pessoas em relação aos fatos processuais e à figura do juiz, e indicou o decoro e os cuidados e a serem observados pelo julgador em cada caso, como o dever da prestação de esclarecimentos sobre fatos públicos, contraposto aos limites legais às informações processuais, o preparo para entrevistas e a necessária construção de uma relação de confiança e reciprocidade em favor da instituição que representa, salientando o poder de amplificação, esclarecimento, impacto e influência da mídia.
A coordenadora de imprensa do TJSP, Maria Cecilia Abbati Souza Cruz, discorreu sobre as diretrizes que orientam o trabalho da Diretoria de Comunicação Social do TJSP, como a valorização da atividade e da imagem do Judiciário por meio da divulgação dos programas que buscam a eficácia e a celeridade na resolução dos conflitos e seus índices de produtividade. Também apresentou um exercício sobre a interação com os profissionais de comunicação e as possíveis atitudes recomendadas ao magistrado em cada um dos casos, tendo em vista a transparência e o interesse público. Dentre as orientações, recomendou o diálogo com a imprensa sempre que possível, com a prestação de amplas informações para a construção de uma relação de confiança e reciprocidade.
A diretora de Comunicação Social do TJSP, Rosangela Sanches, falou, a seguir, sobre os desafios do aprimoramento do relacionamento do Judiciário com a sociedade e com o acelerado mundo da comunicação, sobre questões relacionadas ao interesse público do direito à informação, liberdade de imprensa e responsabilidade ética, entre outras. Ela explicou a atuação do setor de Comunicação Social do TJSP e apresentou casos de grande repercussão pública tratados pelo Judiciário paulista, nos quais houve a intercessão da assessoria de imprensa. Por fim, lembrou que o setor está à disposição de todos os magistrados do Estado, e destacou a importância da transparência e da divulgação das boas práticas do Judiciário.
O evento também contou com palestra do assessor de imprensa da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis), Luis Malavolta, que testemunhou sua vasta experiência profissional a serviço da comunicação institucional de órgãos públicos. “Uma informação com ruído é um desserviço à sociedade. Sejam cordiais e transparentes com os jornalistas e eles responderão no mesmo tom”, recomendou.
Os juízes também participaram de entrevistas simuladas e atuaram como atores da relação mídia e Judiciário, no papel de jornalistas e juízes, realizando reuniões de pauta e entrevistas sobre temas polêmicos relacionados à atividade judicante.
ES (texto e fotos)