Técnicas de mediação são tema de aula do curso de Métodos alternativos de solução de conflitos

A aula de ontem (30) do Curso de especialização em Métodos alternativos de solução de conflitos da EPM foi dedicada ao tema “Técnicas de mediação – rapport, escuta ativa, fala instigativa. A exposição foi feita pela desembargadora Maria Lúcia Ribeiro de Castro Pizzotti Mendes, professora assistente do curso.

 

A expositora falou preliminarmente sobre o equívoco da noção uniforme de etapas e técnicas em mediação e conciliação, buscando desfazer o que considera uma distorção conceitual. De acordo com ela, embora possa haver uma confluência de ideias, referidos institutos e seus conceitos são completamente distintos.

 

“Etapas são as fases que precisam ser concluídas ou pelo menos adaptadas, conforme o caso concreto, ao passo que as técnicas são aplicadas às etapas”, asseverou a palestrante. E destacou a necessidade de observância e superação de todas as etapas da mediação e da conciliação com suas respectivas técnicas para a instauração ou restabelecimento da comunicação entre as partes, em direção a um eventual consenso, salvo nos casos em que o objetivo final for alcançado precocemente.

 

Ela assinalou como o principal desafio da etapa inicial do procedimento de mediação o estabelecimento da comunicação, “coisa que talvez nunca tenha havido – como acontece com frequência na relação de consumo –, ou nas relações familiares, em que a comunicação pode estar perdida no tempo e no espaço”. Para a expositora, o êxito dessa fase é tão importante que, muitas vezes, já levam as partes à percepção do esvaziamento do conflito.

 

Ressaltou ainda a singularidade de todo conflito e a dificuldade generalizada que todo profissional tem de iniciar um trabalho. Nesse sentido, lembrou que, diversamente das demais etapas, a abertura depende quase exclusivamente do mediador, e que o desafio da superação da primeira etapa também consiste em lidar com o desconhecido. “Todo mundo ali, por mais experiente que seja, não tira de letra o começo do trabalho, por uma óbvia razão: estão trabalhando aquele conflito pela primeira vez, e a pessoa que está do outro lado é outra personagem, tem outra vivência, outra realidade, e sua visão do conflito é sempre exclusiva”.

 

Outro aspecto explorado foi o da personalização do trabalho do profissional de mediação de acordo com o caso concreto, contra procedimentos padronizados ou regrados por manuais, tendo afirmado a importância da sensibilidade do momento: “o estilo próprio de cada um é algo que tem que marcar o trabalho de vocês. Sou contra cartilhas ou procedimentos professorais porque dão a sensação de que o mediador é um robô ou um fantoche. Uma coisa é o ritual necessário; outra, a dinâmica própria do trabalho de cada um, que tem que achar a sua medida”, ensinou.

 

Maria Lúcia Pizzotti Mendes também comparou a atividade do mediador ou conciliador ao de regente de uma orquestra: “uma orquestra não é nada sem o seu maestro, mas o maestro não é nada sem os seus músicos, e tem que estar coeso com eles. O mediador pode perfeitamente esclarecer quais são as regras do trabalho sem impor, e com isso conseguirá estabelecer um grau mais elevado de confiança entre os participantes”.

 

ES (texto) / FB (fotos)


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