Mediação escolar é discutida curso de Métodos alternativos de solução de conflitos

A professora Cristina Telles Assumpção Meirelles foi a palestrante da aula de ontem (15) do Curso de especialização em Métodos alternativos de solução de conflitos da EPM, que versou sobre o tema “Mediação escolar - estudos de casos de conflitos na Infância e Juventude”. A aula teve a participação do desembargador José Carlos Ferreira Alves, coordenador do curso.

 

A palestrante iniciou a exposição chamando a atenção para a gravidade dos conflitos escolares, revelando que representam aproximadamente 20% dos casos que chegam às varas da Infância e Juventude de inúmeras comarcas do Estado de São Paulo. “As escolas não têm um suporte, uma preparação adequada para lidarem com esta crescente situação de violência, e acabam terceirizando a solução para outros equipamentos sociais, como a Justiça ou o Conselho Tutelar”, ressaltou.

 

Ela acrescentou que nem todas as formas de violência ou conflitos são explícitos, mencionando a existência das micro violências e dos “conflitos simbólicos”, além de outras formas menos evidentes, citando como exemplo a violência psicológica. E frisou que é preciso ficar atento a essas micro violências e aos mecanismos de identificação delas.

 

Em seguida, Cristina Assumpção discorreu sobre a utilização da mediação e das práticas restaurativas nos conflitos escolares. Ela explicou que um dos grandes motivadores do surgimento da mediação escolar foi a percepção de que as penas tradicionais, como suspensões e advertências, não eram suficientes para lidar com a indisciplina e com os constantes atos de violência nas escolas. E frisou que o objetivo da mediação não é abolir regras existentes, mas utilizar outros meios, além dos tradicionais.

 

A expositora abordou, então, os objetivos da mediação no âmbito educacional: “o que se pretende, mais do que resolver conflitos, é transformar a escola em um ambiente onde as relações de convivência são pautadas no respeito e na colaboração. A resolução de conflitos é um aspecto dentro desse todo. Do ponto de vista institucional, a mediação educacional atua de forma a promover uma escola autônoma e empoderada, capaz de construir as suas soluções através de recursos próprios”.

 

Ela citou Paulo Freire para explicar o significado de “empoderamento” no contexto escolar: “a pessoa, grupo ou instituição empoderada é aquela que realiza por si mesma as mudanças e ações que levam a evoluir e se fortalecer”. E ponderou que a mediação permite que a escola, os professores, alunos, pais e todos possíveis envolvidos criem e desenvolvam recursos sociais, emocionais e comunicativos necessários não só para resolverem um conflito isolado, mas para terem autonomia para lidar com futuros desentendimentos. “Se você quer mudar uma cultura, é preciso ter uma ação sistemática, com toda comunidade escolar e o tempo todo”, ressaltou.

 

Cristina Assumpção explicou ainda o mecanismo da mediação educacional, esclarecendo que ela é desenvolvida em três níveis: o de construção de senso de comunidade (ou seja, reafirmando relações, procurando desenvolver uma série de ações que façam com que as pessoas aprendam a viver colaborativamente); as ações preventivas – ou proativas –, que possuem foco na convivência e voltadas para todos os integrantes da comunidade escolar; e as reativas, aquelas aplicadas após a ocorrência do conflito, com foco na satisfação das partes que se envolveram e voltadas sempre para as partes diretamente afetadas.

 

LS (texto)


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