­EPM inicia curso de introdução em Justiça Restaurativa

Curso é composto de oito aulas teóricas.

 

Com o debate sobre o tema “Cultura de paz”, teve início hoje (23), o Curso de introdução à Justiça Restaurativa da EPM. As palestras foram ministradas pelo juiz Egberto de Almeida Penido, coordenador do curso, e pelo monge budista Daniel Henry Calmanowitz. A mesa dos trabalhos também foi composta pelos juízes Eliane Cristina Cinto e Marcelo Nalesso Salmaso, coordenadores adjuntos do curso; e pela assistente social judiciário Andrea Svicero, palestrante.

 

Egberto Penido esclareceu inicialmente que o curso tem a finalidade de tecer considerações teóricas a respeito da Justiça Restaurativa e não formar facilitadores restaurativos. E salientou que discutir o tema pela perspectiva da cultura de paz (de convivência ou de responsabilidade) deve seguir o caminho da reflexão prática. “Todo movimento de Justiça Restaurativa não é esvaziado com belas palavras, mas busca gerar uma ação justa e de harmonização”, frisou

 

Ele explicou que o termo cultura etimologicamente se correlaciona com aquilo que se cultiva, cuida e honra, e lembrou que a cultura de paz foi definida no Congresso Internacional sobre a Paz nas Mentes dos Homens, promovido em 1989 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em Yamoussoukro (Costa do Marfim), como “um conjunto de valores, atitudes, modos de comportamento e de vida que rejeita a violência e previne conflitos ao atacar suas raízes para resolver problemas, por meio do diálogo e da negociação entre indivíduos, grupos e nações”.

 

Em sua exposição, Daniel Calmanowitz ponderou que a causa da violência se fundamenta em uma multiplicidade de circunstâncias e motivações. Ressaltou, entretanto, que tal análise deve levar em consideração o aspecto individual, citando uma definição apresentada pela Unesco, por ocasião do Dia Internacional da Paz (21 de setembro): “uma vez que as guerras começam na mente do ser humano, é na mente dele que as defesas da paz devem ser construídas”. E completou dizendo que “se é na mente (coração) que esses conflitos se originam, é lá que a paz deve ser desenvolvida".

 

O palestrante frisou ainda que o processo de paz mundial significa a transformação pessoal na relação entre os diversos grupos que compõem uma sociedade (família, trabalho). “A nossa presença faz uma diferença aonde quer que estejamos, pois exercemos uma influência que pode ser positiva, neutra ou negativa”, finalizou.

 

Marcelo Salmaso destacou a importância da realização do curso como uma forma de reflexão sobre a atual estruturação da sociedade. “Esse sistema social acaba nos sobrecarregando, de maneira que não temos tempo de pensar sobre ele e principalmente sobre suas falhas, fazendo com que atuemos apenas como autômatos nessa lógica que atende determinados interesses”, asseverou.

 

Eliane Cinto expressou o desejo de que o curso sirva de ponte para uma mudança interior: “só acredito em uma mudança exterior quando passamos a nos melhorar primeiramente”.

 

FB (texto e fotos)


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