Juiz e a Imprensa em debate
Juiz e a Imprensa em debate Foi realizado no último dia 29/09, na Escola Paulista da Magistratura, o seminário "O Juiz e a Imprensa", com a participação do jornalista Nelo Rodolfo, do advogado e radialista Joseval Peixoto, do advogado Manoel Alceu Affonso Ferreira e do desembargador Aloísio de Toledo César, presidente da comissão de Imprensa do Tribunal de Justiça. O evento fez parte do Curso de Iniciação Funcional para os juízes aprovados no 177º Concurso de Ingresso na Magistratura. O encontro foi aberto pelo desembargador Carlos Eduardo Cauduro Padin, coordenador do módulo especial do curso de Iniciação Funcional. Joseval Peixoto começou sua fala dizendo que, falar para os novos juízes representava um dos momentos mais gloriosos de sua carreira. O advogado ilustrou sua palestra com matérias feitas no rádio, casos interessantes que ocorreram durante sua vida profissional como radialista e contou como o rádio mudou sua vocação de objeto de entretenimento, para um importante instrumento de prestação de serviço. Em seguida, o des. Aloísio de Toledo César pôde dar sua contribuição como uma pessoa com experiência nas duas áreas. O magistrado começou sua fala com uma ironia, ao dizer que o jornalista faz concorrência ao juiz, no sentido em que é um profissional que também faz julgamentos. Com sua experiência como presidente da Comissão de Imprensa do TJ, o desembargador deu algumas orientações práticas. “É importante que o juiz dê uma cópia do processo para os jornalistas. Como a maioria dos jornalistas não tem especialização, é importante ditar a declaração. Assim é mais seguro e permite que ele enfoque a matéria de uma maneira correta.” Aloísio de Toledo César disse ainda que quem escreve divide opiniões e passou algumas dicas para quem se aventurar nessa tarefa.“Se for escrever para o jornal é bom saber o espaço disponível, porque se você não usar o tamanho certo, seu artigo não vai sair. Fuja dos termos técnicos. Use frases curtas e longas alternadamente.” Para o desembargador, os jornalistas erram por falta de conhecimento e tempo. Na seqüência, Manoel Alceu Affonso Ferreira falou da relação intricada entre Magistratura e Imprensa. “Há divergência entre Imprensa e Judiciário, mas ambos são instituições que são as primeiras a serem perseguidas em regimes totalitários e, ambas são amantes da liberdade.” Para o advogado, o jornal tem compromisso com o leitor e o juiz com os jurisdicionados e com a eqüidade. “Entre a verdade do juiz e a do jornalista existem diferenças abissais. Notícia e verdade são coisas diferentes.” O advogado ainda falou que o juiz não pode antecipar um juízo de valor e não deve nunca ceder à pressão da mídia. “Porque ao contrário, perde-se o respeito da própria mídia.” E acrescentou: “Resistam à tentação do holofote. Não existirá jurisdição digna enquanto ela não for independente.” O jornalista Nelo Rodolfo falou da necessidade dos magistrados trabalharem com a transparência e com a verdade e citou o exemplo do juiz Alberto Anderson Filho, durante o julgamento de Suzane Von Richtofen, que manteve a Imprensa o tempo todo informada. Para o jornalista, os meios de comunicação de massa retratam a sociedade. “Temos a obrigação de passar a informação para a Imprensa. A distância é totalmente negativa, principalmente para os juízes.”
Como todos palestrantes admitiram, a relação entre imprensa e a magistratura nem sempre é tranqüila. Mas é possível traçar estratégias para a boa convivência.