EPM inicia o curso ‘Direito, Política e Literatura'
Rodrigo Suzuki e Márcio Seligmann foram os palestrantes.
Teve início no último dia 11 o curso Direito, Política e Literatura, com exposições do advogado e professor Rodrigo Suzuki Cintra e do crítico literário e professor Márcio Seligmann. A mesa de trabalhos foi composta também pelo desembargador Paulo Magalhães da Costa Coelho, coordenador do curso.
Rodrigo Cintra iniciou as exposições com o tema “Kafka e a filosofia crítica do século XX”. Ele apresentou uma breve biografia do autor, que também foi jurista, e discorreu sobre seu estilo de escrita e sua produção, que incluiu cartas, aforismas, diários, contos, romances e novelas. Entre as obras, destacou O processo, livro em que o protagonista é repentinamente submetido a um longo e incompreensível processo sem que tenha cometido algum crime e sem conseguir provar sua inocência. Discorreu também sobre a obra Diante da lei, que debate as ideias de legalidade e de Justiça, e Na colônia penal, em que analisa os limites da pena.
O palestrante explicou as principais características que permeiam os textos do escritor, como a desesperança, o absurdo, a sensação de claustrofobia e, em algumas obras, o conflito do homem com a burocracia. A respeito das criticas literárias, afirmou que não é possível ressaltar apenas um aspecto do autor como influencia preponderante de seu estilo, elucidando que podem ter influenciado sua origem judaica, o pai autoritário, a sensação de deslocamento que transparecia em seus textos em alemão, ainda que vivesse na República Tcheka, entre outros.
Márcio Seligmann discorreu sobre o tema “O processo, de Franz Kafka”. Ele explicou que a obra kafkiana aborda o Direito como Instituição associada ao Estado (que reproduz o poder, caracterizado como infinito) e à ideia do mal estar na cultura, que deu título a um dos ensaios do psicanalista Sigmund Freud (1856-1939), contemporâneo de Kafka e que também criou o conceito de ‘estranho familiar’ (das unheimliche).
Ele ressaltou que muitos livros do escritor não possuem temporalidade, pois foram escritos em diários, misturando elementos de seu cotidiano, inclusive sonhos, e após sua morte foram organizadas pelo amigo e testamenteiro literário do autor, Max Brod.
LS (texto)