Erotização precoce é discutida em seminário da EPM e CIJ
Psicóloga Gisele Joana Gobbetti foi a palestrante.
Foi realizado ontem (24) no Gade 23 de Maio o seminário Erotização precoce, promovido pela EPM e pela Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de São Paulo.
A exposição foi feita pela psicóloga responsável pelo Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual (CEARAS), Gisele Joana Gobbetti, com a participação do desembargador Antonio Carlos Malheiros, integrante consultor da CIJ, que fez a abertura dos trabalhos, e do juiz Paulo Roberto Fadigas Cesar, também integrante da CIJ.
Gisele Gobbetti citou texto da Childhood Brasil que define a erotização precoce de crianças e adolescentes por parte da mídia e da publicidade, potencializada pelas redes sociais, como “um fenômeno bastante nocivo e que as tira do lugar de proteção que lhes é de direito, expondo-as a situações não condizentes com suas faixas etárias e que reforça uma cultura machista e estigmatiza o sexo feminino como objeto, desde a infância”.
Ela ressaltou que a erotização precoce pode colocar crianças e adolescentes em situações de risco, favorecendo abusos e até mesmo exploração sexual infantil. E mencionou exemplos, como concursos de beleza com crianças, que dão enfoque em seus corpos, mostrando-as como mulheres adultas, e programas infantis que apresentam mulheres de maneira erotizada. Apresentou também anúncios de revistas com meninas maquiadas, lembrando que a criança querer usar roupas de adultos para se imaginar nessa fase é aceitável, mas isto não deve ser algo necessário.
A palestrante explicou também o funcionamento do CEARAS, que realiza atendimentos de casos de incesto, ressaltando que a proposta é tratá-lo como uma questão da dinâmica familiar, por meio de terapia familiar, em que participam o denunciado e as pessoas que sofreram o abuso. Acrescentou que não são utilizados termos jurídicos como “vítima” e “réu”, pois há o entendimento de que o incesto é apenas o sintoma de uma família incestuosa.
Gisele Gobbetti esclareceu também o conceito de pedofilia, um transtorno do indivíduo, classificado como parafilia, que está relacionado a “anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, atividades ou situações incomuns e causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo”. Ela chamou atenção para o perigo de pessoas que possuem este transtorno encontrarem imagens de crianças hiper sexualizadas pela sociedade.
LS (texto) / RF (fotos)