Valores da convivência são discutidos em palestra da EPM e CIJ
Exposição foi ministrada por Lia Diskin.
Foi realizada na sexta-feira (12) a palestra Como promover o desenvolvimento de valores da convivência, promovida pela EPM e pela Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ), com exposição da jornalista Lia Diskin e participação do desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, coordenador do evento, e do juiz Egberto de Almeida Penido.
Na abertura, Reinaldo Cintra agradeceu a participação da expositora e destacou que ela "tem como objetivo de vida nos ensinar um pouco sobre o significado de uma convivência de paz, de uma sociedade mais justa, desarmada de tudo o que prejudica nossa interação enquanto pessoa e o nosso crescimento enquanto ser humano”.
Cofundadora da Associação Palas Athena, Lia Diskin citou inicialmente a escritora norte-americana Margaret Wheatley: “nada no universo existe como entidade isolada e independente. Tudo assume a forma de relações, sejam partículas atômicas que partilham energia ou ecossistemas que compartilham alimento. Na teia da vida, nada que é vivo vive só”.
Ela fez uma retrospectiva histórica sobre a humanidade, frisando a necessidade de compreender o passado para contextualizar o presente. “Chegamos a uma sociedade estruturada e a uma cultura pautada em um repertório de valores, atitudes e procedimentos que reproduziam, por sua vez, um passado no qual se gestou matricialmente ideias, visões de mundo e teorias, que nem sempre alcançaram aqueles propósitos auspiciosos que originalmente aspiravam”, observou. Destacou dois marcos, sendo o primeiro o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, que representou um momento de ruptura entre natureza e cultura: “houve a supremacia da cultura sobre a natureza, que passou a ser objeto e como tal adquiriu a condição de coisificação ou manipulação”. Como segundo marco, apontou o movimento econômico, que adquiriu sua expressão maior na globalização da última metade do século passado, salientando a ruptura entre o indivíduo e a comunidade.
A expositora mencionou como valores prevalentes na sociedade atual o consumismo e a acumulação, a competição e o individualismo. “O individualismo como fonte de fortalecimento do egocentrismo tende a atenuar as potencialidades altruístas e solidárias, o que resulta na desintegração das comunidades tradicionais”, ponderou.
Ela discorreu também sobre a evolução dos direitos das mulheres e das crianças e sobre a Cultura da Paz, esclarecendo que ela tem o intuito de deslegitimar a violência como meio instrutivo e relacional, “desconstruindo uma cultura que associou educação com punição, sofrimento com aprendizagem, disciplina com castigos corporais ou verbais, aquisição de bom comportamento com humilhação e exposição à vergonha e autoridade com repressão abusiva”.
Lia Diskin salientou que para promover os valores da convivência é necessário quebrar o ciclo vicioso da “violência redentora”, que não redime nem a vítima nem o algoz, tão pouco resolve o problema ou o conflito que a originou. Entre as novas habilidades da convivência, citou a mediação, a Justiça Restaurativa, a Comunicação não violenta, jogos cooperativos, dinâmicas relacionais, processos circulares, simplicidade voluntária, compartilhamento e acessibilidade. A respeito do diálogo, destacou que ele deve ser uma atitude de abertura ao que o outro oferece. “Para isso, necessariamente terei que abrir mão de meus pressupostos, meus preconceitos, minhas verdades únicas, porque entendo que existem múltiplas facetas com que a verdade se expressa”, concluiu.
LS (texto) / Reprodução (imagem)