Programas de recuperação e reeducação de pessoas em situação de violência são discutidos em curso da EPM

Exposição foi ministrada por Arielle Scarpati.

 

A aula de sexta-feira (21) do curso Enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher – avaliação de risco – ferramenta necessária foi dedicada ao tema “Programas de recuperação e reeducação de pessoas em situação de violência”, com exposição da psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati e participação das juízas integrantes da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (Comesp) Teresa Cristina Cabral Santana (vice-coordenadora) e Rafaela Caldeira Gonçalves, coordenadoras do curso, e Renata Mahalem da Silva Teles. A gravação da aula pode ser acessada no canal da EPM no YouTube.

 

Arielle Scarpati ressaltou inicialmente que as recentes mudanças no papel da mulher não têm refletido necessariamente na redução de desigualdades e na proteção de meninas e mulheres contra violências. Explicou que ainda há elementos culturais, políticos, sociais e econômicos que permanecem presentes e influenciam comportamentos em sociedade, mantendo padrões específicos que legitimam o poder e a autoridade sobre as mulheres.

 

Em sua exposição, enfatizou a violência de gênero focada na dinâmica familiar. Abordou a transmissão intergeracional da violência, explicando que a mãe pode transmitir não apenas as crenças de sua cultura interpretadas como adequadas à manutenção da união familiar, mas também as formas de condutas que recebeu de gerações anteriores. “Práticas discursivas repletas de estereótipos têm sido operadas por agentes históricos e sustentam, via discurso social, a inferioridade feminina”, ponderou, citando como exemplo o fato de ainda ser comum a mulher ser vista como a responsável pelo sucesso ou fracasso da família.

 

Ela discorreu sobre os tipos de violências praticadas contra mulheres, dividindo-as em invisibilizadas, como a publicidade e humor machistas; explícitas, como abuso psicológico por meio de humilhações, culpabilização e chantagens; e as agressões físicas, ameaças, estupro e feminicídio.

 

Em relação às violências psicológica e patrimonial, observou que ainda há dificuldades de identificação e reconhecimento dessas violências por parte das vítimas. Elucidou que junto a expectativas sobre papéis de gênero, relacionamentos e família, existem muitos estereótipos ligados ao tema de violência de gênero, como pensar que basta prender o agressor, que violência doméstica apenas ocorre em famílias desestruturadas, que a vítima faz a denúncia apenas com o intuito de acabar com a vida do agressor, que o agressor sempre sofre de problemas mentais ou possui vícios etc. Ela discorreu também sobre os motivos que fazem a vítima permanecer com o agressor, sobre as respostas físicas e emocionais ao trauma e impacto nas crianças, entre outras questões.

 

LS (texto) / Reprodução (imagem)


O Tribunal de Justiça de São Paulo utiliza cookies, armazenados apenas em caráter temporário, a fim de obter estatísticas para aprimorar a experiência do usuário. A navegação no portal implica concordância com esse procedimento, em linha com a Política de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais do TJSP