Comunicação institucional e manifestação individual são debatidas no curso ‘Futuro do Judiciário em perspectiva comparada’

Elodia Prujel e Adriana Chavarría foram as expositoras.

 

O tema “Poder Judiciário e redes sociais: comunicação institucional e manifestação individual” foi debatido na aula do dia 14 do curso Futuro do Judiciário em perspectiva comparada, promovido pela EPM e pela Associação Paulista de Magistrados (Apamagis). As exposições foram ministradas pela desembargadora Elodia Almirón Prujel, do Paraguai; e pela juíza Adriana Orocu Chavarría, da Costa Rica; com a participação do diretor da EPM, desembargador Luis Francisco Aguilar Cortez; e dos coordenadores do curso, desembargador Walter Rocha Barone, presidente da Federação Latino-americana de Magistrados (Flam); e juíza Camila de Jesus Mello Gonçalves.

 

Iniciando as exposições, Adriana Chavarría ressaltou a importância de o Poder Judiciário investir na comunicação, pois as sociedades, sejam mal-informadas ou bem-informadas, têm ideias formadas sobre suas instituições acerca dos resultados esperados, como tudo se procede e da sua importância. “Essa opinião é uma réplica individual do que coletivamente os meios de comunicação dizem que é o Poder Judiciário e que não tem filtros na repetição dessas ideias por parte do cidadão. Em geral, elas permeiam pela quantidade de informação com pouco conteúdo de qualidade e essa ‘tragédia’, com ineficiente informação das funções e do desempenho, geram o caos comunicativo”, esclareceu, frisando a importância dos setores de comunicação para tratarem da comunicação interna e externa e do uso das redes sociais.

 

Ela explicou que na Costa Rica as redes sociais estão disponíveis para todos, inclusive para os juízes, como plataforma de comunicação, mas devem ser usadas de maneira eficiente. E enfatizou que a comunicação oficial é inversamente proporcional em velocidade às redes sociais em expandir informações, inclusive fake news, e que isso não pode ser combatido com os meios oficiais de comunicação. “O desafio é termos novos modelos de comunicação, diferentes dos convencionais, passando por todos os cidadãos, que serão os destinatários finais. É necessário o acesso à comunicação eficiente no Judiciário para a sociedade da informação conhecer a Justiça, que foi histórica e completamente prejudicada pelo mau uso dessas estratégias. Agora temos muitas ferramentas disponíveis para começarmos uma entrega correta, uma análise importante dessa comunicação de legitimidade”, concluiu.

 

Na sequência, Elodia Prujel explanou sobre a problemática enfrentada com as redes sociais, que comunicam absolutamente tudo. “Não podemos esquecer que o Judiciário é uma instituição formada por homens e mulheres que também têm o exercício dos seus direitos fundamentais, com as limitações das tarefas que desenvolvemos diariamente. É preciso estarmos atentos à comunicação institucional e à comunicação que os integrantes do órgão institucional podem levar adiante por meio das redes sociais, cujos usuários variam de acordo com a faixa etária e o interesse, e tudo isso tem de ser analisado”, salientou.

 

Ela ressaltou que o juiz é tanto cidadão quanto representante do Poder do qual ele faz parte e por isso as opiniões que ele possa expressar fora da sua condição de juiz em qualquer rede social pode eventualmente comprometer a sua independência tanto interna quanto externa em relação à Justiça. “Os litigantes e partes interessadas na Justiça veem o juiz como alguém independente e imparcial e espera-se que tenha muita competência no seu exercício. É necessário refletir se na mensagem há algo que possa gerar um distúrbio nessa comunicação, entre o que o emissor da mensagem diz e o que o receptor interpreta quando recebe essa mensagem”, concluiu.

 

RF (texto) / Reprodução (imagem)


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