Era uma vez, na pandemia...
Concurso seleciona trabalhos de servidores e magistrados.
A pandemia de Covid-19 afetou a vida de todos os brasileiros. Uns mais outros menos. Na tentativa de conciliar as exigências do trabalho, proteção da família, manutenção das relações sociais e saúde mental, muitos encontraram, na arte, uma forma de expressar sentimentos. “Relatos da Quarentena”, o 1º Concurso Literário e de Fotografia do TJSP, foi idealizado pela Escola Judicial dos Servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo (EJUS), em parceria com a Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP), para incentivar magistrados, magistradas, servidores e servidoras a expressarem seus talentos nas áreas da literatura e fotografia durante esse período tão turbulento.
Com inscrições abertas para trabalhos nas modalidades poesia, crônica, minicontos e fotografia, o concurso recebeu 198 peças literárias e 292 fotografias. Coube à Comissão Julgadora – integrada pelo desembargador Jesus de Nazareth Lofrano, pelo juiz substituto em 2º grau Ricardo Cunha Chimenti, pelas juízas Mônica Rodrigues Dias de Carvalho e Dora Aparecida Martins, pelo diretor da SGP 4, Hudson Carvalho de Camargo, e pela supervisora de serviço da SGP 4.1.4, Giovana Roque Pancetti, com o auxílio dos coordenadores da EJUS Walter Salles Mendes, Janaina Velozo de Camargo Moraes e Régia Mara de Oliveira Beretta da Silveira – analisar e selecionar os três trabalhos vencedores de cada categoria.
O anúncio foi feito na última quinta-feira (28), data em que se comemora do Dia do Servidor Público, em cerimônia presidida pelo corregedor-geral da Justiça, desembargador Ricardo Mair Anafe, e pelo diretor da Escola Paulista da Magistratura (EPM) e da EJUS, desembargador Luis Francisco Aguilar Cortez. “A inspiração do concurso com base nos relatos de quarentena é retratar, de fato, todo o sentimento de agonia, tristeza, expectativa e de esperança, que é o que nos move no dia a dia. A proposta do 1º Concurso Literário e de Fotografia há de ser aplaudida por todos”, parabenizou o corregedor-geral da Justiça.
Após o anúncio dos vencedores, a juíza Daiane Thaís Souto Oliva de Souza e a servidora Cinthia Paula Barbosa de Brito Lopes falaram em nome dos participantes e o secretário da SGP e conselheiro da EJUS, Pedro Cristovão Pinto, mencionou o contexto e o mérito do concurso.
Falando em nome do presidente do TJSP, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, o desembargador Luís Francisco Aguilar Cortez ressaltou a importância de realizar a cerimônia nessa data simbólica do Dia do Servidor Público. “Todos tivemos desafios e o trabalho artístico resgata um pouco desse período. São registros importantes da travessia que mostram a sensibilidade de magistrados e servidores.”
Os vencedores das categorias literárias e de fotografia receberão um e-book com as obras compiladas e 30 exemplares impressos cada.
Poesia: as 3 mais votadas
“Sorrimos com o olhar
Enquanto a máscara esconde os dentes
Descobrimos que estar ausente
É uma prova de cuidar”
(Trecho da poesia “Pequeno intruso”)
“Entre quatro paredes, vejo o mundo por inteiro... Vejo gente chorando, sorrindo, lamentando e aprendendo... Aprendendo a cuidar, zelar, valorizar... Valorizar quem está perto ou distante, com a esperança de um dia os abraçar muito, bastante, mas sem nunca esquecer quem partiu em um desses instantes...”
(Trecho da poesia “Entre quatro paredes”)
“Pandemia
Pandemônio!
Reflexão
Adaptação
Conexão
Rápidas mudanças
Novas esperanças
Respira. AHHHH...
Pandemia
Pandemônio!
Quando tudo isso terá fim?
E diremos à vida novamente SIM?”
(Trecho da poesia “Ondas”)
Crônica: as 3 mais votadas
“– Você deveria parar de pedir tanto fast food.
– Oi? – É, olha só, você tem um, dois, três aplicativos de delivery! E só come porcaria! Por isso seu cartão de crédito anda estourado.
– Eu tive uns probleminhas com o cartão...”
(Trecho da crônica “Algoritmo”)
“Mas o isolamento me fez olhar mais para o ambiente e a natureza. E essa inveja que senti, me ajudou a perceber a riqueza da vida. E a reconhecer o valor da liberdade.”
(Trecho da crônica “O isolamento e os ensinamentos da natureza”)
“Do nada nossa rotina mudou. Onde estava a correria da manhã? Os longos tempos de ausência? E a espera até ela chegar em casa?”
(Trecho da crônica “Por aqui vai tudo bem”)
Miniconto: os 3 mais votados
“A vulnerabilidade da muda pequena era sua fraqueza perante um vírus desconhecido. Com o passar das semanas e meses, começou a ficar maior e ganhando seu espaço à medida que conhecia a Covid. Por fim, desenvolveu espinhos para poder se proteger. Algumas cicatrizes ficaram, como a do dedo e a morte da mãe, porém a experiência de ter criado um pé de limão a partir da semente e poder ajudar famílias a não passarem por um luto antecipado foi algo que o amadureceu e o ajudou a se confortar.”
(Trecho do miniconto “Limoeiro e luto”)
“Será que sobreviveremos a tudo isso? Sim. Porque nós, seres humanos, somos incrivelmente adaptáveis. Lutamos constantemente pela nossa sobrevivência e nos reinventamos a cada adversidade que a vida nos coloca.”
(Trecho do miniconto “Quarentena, quarentena, por que não acabas nunca?”)
“De repente...
Eu e meu pai estamos conversando sobre a vida, reinventando coisas para fazer, estamos mais próximos, ouvindo os mesmos boleros, as mesmas notícias na TV e dividindo as mesmas saudades”
(Trecho do miniconto “De repente”)
N.R.: texto originalmente publicado no DJE de 3/11/21.
Comunicação Social TJSP – AA (texto) / MK (layout)