Antropologia urbana é analisada no Núcleo de Estudos em Direito Urbanístico
José Guilherme Magnani foi o expositor.
O tema “Antropologia e cidade” foi debatido na terça-feira (6) na sétima edição do Núcleo de Estudos em Direito Urbanístico da EPM, com exposição do professor livre-docente José Guilherme Cantor Magnani, pesquisador e professor titular do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
Na abertura, o diretor da EPM, desembargador José Maria Câmara Junior, agradeceu a presença de todos, em especial do expositor convidado, e o trabalho dos coordenadores do núcleo de estudos e da área de Direito Urbanístico da Escola, desembargador Carlos Otávio Bandeira Lins e juiz José Eduardo Cordeiro Rocha. “Seguramente estamos diante de uma iniciativa inovadora da EPM, a abertura de espaço na Escola da Magistratura para produzir conhecimento e transmitir conteúdo a partir da abordagem antropológica no Direito Urbanístico”, ressaltou.
O desembargador Bandeira Lins também agradeceu a participação de todos e o apoio da direção da Escola e salientou a atuação do professor José Guilherme Magnani, enfatizando que ele é um dos pioneiros da Antropologia Urbana na Universidade de São Paulo, discípulo da professora Ruth Cardoso.
Em sua exposição, José Guilherme Magnani discorreu sobre o desafio de estender o olhar da Antropologia, geralmente associado às comunidades pequenas, às grandes metrópoles. “Na minha pesquisa trabalho esse desafio como uma hipótese. Será que não é justamente esse olhar, que chamo de perto e de dentro, em contato com o grupo no seu cotidiano, que faz a diferença da Antropologia em relação à Sociologia, à Ciência Política, à Demografia e às outras ciências humanas?”, indagou.
O professor destacou a identificação de um espaço distinto entre a casa e a rua, um espaço intermediário entre o privado e o público, “onde se desenvolve uma sociabilidade específica, que significa a ideia de pertencimento – o sentimento de pertencer a um determinado lugar e ao mesmo tempo tomar consciência de que esse lugar nos pertence”.
Na sequência, apresentou casos práticos para descrever a percepção do antropólogo sobre a cidade e concluiu enfatizando que as cidades têm diferentes escalas e dinâmicas, mas a forma como antropólogo entra em cada uma é a mesma, lembrando a sequência acampamento, aldeia e cidade. “Quando entramos na cidade, entramos em contato com a diversidade e com a heterogeneidade e buscamos regularidades, porque senão caímos no senso comum de que cidade não tem mais jeito. Os atores sociais estão o tempo todo ‘inventando moda’ e o antropólogo tem que fazer o experimento etnográfico metodológico, porque seus interlocutores estão o tempo todo fazendo experimentos para poder viver nessa cidade, então a maneira como eles inventam é a maneira como se exige de nós o acionamento dos nossos equipamentos para entender essa dinâmica”, concluiu José Guilherme Magnani.
MA (texto) / Reprodução (imagens)