Interfaces entre o Direito e a inteligência artificial são debatidos em novo curso da EPM

Aula foi ministrada por Maria Lúcia Santaella Braga.

A EPM iniciou hoje (5) o curso Interfaces entre Direito e inteligência artificial, com aula ministrada pela professora Maria Lucia Santaella Braga, que analisou as noções elementares acerca do funcionamento e das aplicações das inteligências artificiais, além discutir se a IA é realmente inteligente. O curso teve 866 matriculados nas modalidades presencial e on-line, abrangendo 146 comarcas.

Na abertura, o desembargador Luiz Sergio Fernandes de Souza, coordenador do curso e da área de Metodologia e Lógica Jurídica da EPM, agradeceu a presença de todos e fez a apresentação da palestrante. O juiz Paulo Roberto Fadigas César, também coordenador do curso e da área, ressaltou a importância da temática. “É algo que tem que ser trazido para dentro do Poder Judiciário e não o Judiciário sair para conhecer o tema. É importante que os operadores de Direito se acostumem não com o futuro, mas com o presente. Precisamos estar inseridos nessa sociedade de comunicação”, afirmou.

Maria Lúcia Santaella Braga apresentou um breve histórico da evolução da tecnologia e os impactos na sociedade. Ela destacou as grandes transformações, como a linguagem, a escrita, o jornal e o cinema, até chegar à revolução digital no final do século XX. A professora ressaltou que a sociedade vive uma segunda idade da internet, com o advento da inteligência artificial. 

Em relação às melhorias que a IA trouxe para sociedade, lembrou que diversas tecnologias são usadas diariamente pelas pessoas, como GPS, assistentes virtuais, entre outros. Mas observou que, ao mesmo tempo, essa nova tecnologia traz efeitos colaterais que colocam em risco os direitos fundamentais e podem causar danos à democracia, ao meio ambiente e reforçar discriminações, além de serem coadjuvantes em campanhas de desinformação. “Os efeitos colaterais têm provocado uma necessária agitação em busca da regulamentação da inteligência artificial que possa impedir ou minimizar riscos”, disse.

Uma das grandes preocupações apontadas pela professora foi a ética. Ela salientou que o tema precisa ser incorporado como filosofia e ciência em todos os níveis de educação para que a inteligência artificial seja utilizada da forma correta. Para isso, ponderou que as pessoas precisam se desprender do “egoísmo que é alimentado hoje na sociedade”. Como exemplo, mencionou o plágio de textos. “Uma pesquisa feita na Alemanha levantou uma quantidade enorme de textos produzidos pelo ChatGPT. Foi detectado que 74% dos textos foram gerados por essa inteligência artificial. Mas, se a pessoa muda apenas uma linha desse texto, a detecção cai para 22%. É impossível hoje detectar plágio. É aí que entra a ética de cada um”, frisou.

A palestrante explicou que a inteligência artificial que existe hoje é realmente inteligente, mas não tem consciência. As ferramentas fazem uma simulação da vida humana e dependem exclusivamente dos dados existentes nas diversas redes do mundo digital. Por meio desse vasto conteúdo, programas como o ChatGPT conseguem se adaptar à entonação de voz das pessoas e reconhecem até o sentimento daquele que interage com a ferramenta. 

No final, Maria Lúcia Santaella Braga esclareceu dúvidas dos participantes, entre elas a possibilidade de as novas tecnologias trazerem desemprego e acabarem com algumas profissões. “É uma das grandes imprevisibilidades o que vai acontecer com o mundo do trabalho. Muitas pessoas colocam a culpa na IA, mas ela está num contexto. Eu vejo a IA como inevitável e temos que tentar resolver nossos problemas do presente, ao invés de se preocupar com o futuro”, concluiu.  

RL (texto) / MB (foto)


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